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sábado, 21 de janeiro de 2012

Matéria sobre Dislexia no Programa MaisVocê da Rede Globo.



Programa Mais Você do dia 06 de outubro, debateu o assunto, ressaltando a importância de um professor atento para reconhecer essas crianças.
O encaminhamento ao atendimento especializado e orientação aos professores são fundamentais para que essas crianças alcancem o seu potencial.
Assista aqui o vídeo:
http://maisvoce.globo.com/MaisVoce/0,,MUL1675190-10344,00.html

“Você tem que aprender a trabalhar com as suas dificuldades, para fazer delas o mínimo.”



Entrevista Fábio Batista dos Santos
Aos 24 anos, o baiano de Cruz das Almas, Fábio Batista dos Santos, vive em Salvador e está terminando a faculdade de Direito.  Ele descobriu que era disléxico há três anos, quando foi para o Reino Unido estudar Comunicação. Atualmente, mantém o blog Nuven Digital – “É ‘nuven’ com ‘n’ mesmo”, ele diz, explicando seu erro na hora de registrar o domínio. Nesta entrevista, Fábio conta como foi para o Reino Unido, compara como a dislexia é tratada nesse país e no Brasil, e fala de sua vontade de criar um espaço para que os disléxicos compartilhem experiências.
Instituto ABCD: Como foi sua trajetória escolar?
Fábio Batista dos Santos: Eu lembro que desde que entrei na educação infantil e comecei a aprender as letras, achava muito difícil. Aos 6 anos, começaram as cobranças, as provas… Eu ficava muito estressado, aí, tive que traçar uma estratégia… Eu ficava na escola até o meio-dia, almoçava e ia para uma mesinha que a gente tinha em casa, para fazer as atividades da escola. Ficava lá até umas 3 horas. Pra mim, era tudo difícil: direita, esquerda, sucessor, antecessor… Aquilo era coisa que eu tinha que me trancar e ficar estudando, repetindo, repetindo, repetindo, até conseguir gravar. Eu também fazia isso com os textos. Passava o final de semana todo, decorando porque eu não conseguia ler em voz alta. Então, era o melhor leitor da classe, tirava as melhores notas, mas sempre colocando duas, três, ou quatro vezes mais trabalho do que os meus colegas. Ao mesmo tempo, por sugestão das outras pessoas, eu achava que era incompetente, preguiçoso. Mas, no fundo, não entendia por que eu aprendia fácil matemática, física, química, e ortografia e gramática não entravam na minha cabeça.
Instituto ABCD: Depois você foi estudar Direito e de repente resolveu fazer um mestrado em Comunicação no Reino Unido. Como foi essa estória?
FBS: Lá no interior da Bahia, em Cruz das Almas, onde nasci, comecei a aprender inglês na escola pública, quando tinha uns 6 anos. Quando fiz 14, ganhei de presente um curso de inglês, que acabei concluindo por meio de bolsa. Aos 18 anos, vim para Salvador, porque consegui outra bolsa do ProUni [Programa Universidade para Todos, do Governo Federal] para cursar Direito. Como tinha afinidade com a língua inglesa, consegui meu primeiro emprego em uma pousada. Lá, conheci pessoas de diversos países e fui mantendo os contatos. Aos 21 anos, durante o Carnaval, estava meio cansado dos assuntos jurídicos e resolvi fazer uma revista sobre sustentabilidade, literatura… Tinha umas 36 páginas. Eu mesmo fiz, diagramei e colei as páginas, bem artesanal. A revista teve seis edições, que eu distribuía em Salvador, e também mandava para umas 30 pessoas fora do país. Mandei para Portugal, China, Estados Unidos, França, Noruega, Reino Unido, Itália…
Instituto ABCD: Como foi a recepção da revista?
FBS: A resposta que eu tive da maioria dos brasileiros era que estava cheia de erros de português. Mas os estrangeiros olharam mais o lado criativo do trabalho e elogiaram o fato de eu ter resolvido a diagramação tudo com software livre. Como eles não entendiam o português, não precisava explicar os erros (risos). Na universidade, eu estava para perder minha bolsa porque minhas notas estavam caindo e provavelmente eu ia ter que voltar para o interior. Então, essas pessoas sabiam da minha dificuldade e uma delas resolveu me oferecer uma bolsa para eu ir estudar Comunicação no Reino Unido.
Instituto ABCD: Como você descobriu que era disléxico?
FBS: Foi justo no Reino Unido… Antes de começar o mestrado, os estudantes estrangeiros no Reino Unido tinham que fazer um curso para se familiarizar com a cultura europeia e com os parâmetros das avaliações que teríamos pela frente. Uma das avaliações que a gente tinha era de compreensão. A gente escutava as matérias da BBC e respondia perguntas escritas. Um dos programas falava sobre dificuldades de aprendizagem e dislexia. Quando chegou ao final da aula, eu falei para o professor que eu tinha me identificado com a dificuldade de leitura e produção de textos e que achava que tinha esse problema. Ele disse que ia conversar com a coordenadora para saber se eu podia fazer um teste. A coordenadora concordou, mas disse que eu tinha que pagar. Consegui o dinheiro, fiz o teste e deu que eu era disléxico. Não sei se a aula foi colocada propositalmente no programa ou se foi sorte, mas devido a essa aula descobri, aos 21 anos, que eu tinha dislexia.
Instituto ABCD: Isso mudou alguma coisa na sua vida?
FBS: Mudou muito porque você tira um peso das costas de achar que não é capaz.  Você começa a perceber que o problema não está em você, mas no sistema de ensino, que não tem espaço para a diferença. Nosso sistema educacional foi feito para educar em turmas. As crianças são colocadas juntas e espera-se que todas sejam iguais e tenham resultados parecidos. Mas o disléxico quebra isso porque o modo como ele aprende e se comunica é diferente. Então o sistema não consegue receber esse aluno, que não se enquadra.
Instituto ABCD: Você notou diferença entre a escola/faculdade brasileira e a escola/faculdade inglesa?
FBS: Sim. Lá existe uma relação muito forte entre pesquisa e política pública. O governo escuta muito o que a pesquisa descobre. Se os estudos mostram que 10% da população têm algum tipo de deficiência – lá a dislexia é considerada uma deficiência –, eles se adaptam e as pessoas têm direito a alguns benefícios.
Instituto ABCD: Você pode dar exemplos?
FBS: Eles têm direito a ter acesso a técnicas e profissionais para ajudá-los, sejam leitores, aulas extras, tempo maior para realizar as provas, uso de computador, programa de leitura… Eu chegava à biblioteca, pegava o livro, digitalizava e o computador lia para mim, em uma salinha individual, sem barulho. Então, a leitura deixou de ser uma coisa dolorosa para mim. Passou a ser trabalhosa, mas não dolorosa [risos]. Enfim, o governo faz um grande trabalho pra evitar que os disléxicos sejam marginalizados.
Instituto ABCD: Mesmo com a sua dificuldade de escrita, você foi estudar Comunicação e hoje tem um blog. Por quê?
FBS: Eu não aprendi música, dança, não tive acesso a outros tipos de educação na escola. Só fui educado para ser hábil em leitura e escrita. Se eu tivesse tido acesso a outros tipos de expressão na infância, talvez seguisse outro caminho mais fácil. Em Londres, por exemplo, fiz um curso de cinema, e hoje tento usar a linguagem audiovisual. Mas a questão é que o disléxico transforma a sua dificuldade em sua maior obsessão. Porque você recebe tanto não, que você começa a se perguntar o que isso tem de tão especial? Eu não consigo escrever como eu gostaria, mas eu gosto do que a escrita pode fazer: levar ideias de um lado para o outro. No meu blog, escrevo e peço para alguém corrigir a ortografia e gramática ou então tenho o insight e peço para os meus colaboradores escreverem.
Instituto ABCD: Normalmente o disléxico tem dificuldade de leitura e escrita em qualquer língua. Como foi pra você ir estudar em inglês?
FBS: Pra mim o inglês foi mais fácil porque as regras não são tão fixas. Quando você erra em português, perde a redação, o vestibular, tira nota baixa… No Reino Unido, o grande problema é se você errou o raciocínio. Se você errou uma palavra, mas disse o que queria dizer, é perfeitamente aceitável. É uma cultura mais aberta para a variedade.
Instituto ABCD: Como foi voltar para o Brasil?
FBS: Fiquei 2,5 anos no Reino Unido e, quando percebi que ia ter que voltar, quase tive uma crise de pânico porque eu comecei a perceber que aqui eu não ia ter espaço, as pessoas não iam entender meus erros… Então, a primeira coisa que eu fiz foi fazer um curso de preparação para disléxicos lá no Reino Unido. Foram 10 semanas, com um profissional, a quem eu ia expondo os meus problemas. A tutora falava que parecia que eu estava tendo uma crise de pânico quando eu falava o que eu tinha que fazer no Brasil. Falava pra eu relaxar! Mas quando cheguei aqui, aconteceu o que eu estava prevendo. É a falta de compreensão, a ideia de que todo o mundo tem que ser igual e, de que, se você é diferente, de alguma forma falhou… E não é só escola, às vezes é até entre os amigos.
Instituto ABCD: Você sentiu dificuldade para entrar no mercado de trabalho no Brasil especificamente por causa da dislexia?
FBS: Sempre! Estou no Brasil há dez meses e tento, mas o currículo é um bicho de sete cabeças. Mesmo com a minha experiência de ter feito cinema, comunicação, ter trabalhado na rua gravando, ter feito dois curtas que estão na internet, eu não consigo escrever tudo isso em uma folhinha A4. A dislexia também afeta a comunicação e você nem sempre consegue falar o que queria; as pessoas não entendem. Na hora do estresse, eu gaguejo e troco palavras…
Instituto ABCD: No Reino Unido esse cenário seria diferente?
FBSSim, lá, mesmo ainda sendo um estudante, trabalhei na área de comunicação. Editei vídeos e ensinei português [risos]. A inserção é mais fácil porque existe uma legislação específica em relação à dislexia, e o cumprimento dela é bem mais eficiente. As empresas pedem assessoria de alguém para contratar deficientes e para estudar como eles podem dar o seu melhor. Porque da mesma forma que os disléxicos têm problemas, esses problemas geram outras habilidades. O disléxico, por exemplo, tem uma persistência muito grande, sabe trabalhar em grupo e consegue ver soluções que as outras pessoas não veem. As empresas precisam de alguém que pense diferente porque, combinado com outras pessoas, isso é perfeito.
Instituto ABCD: Você voltou recentemente a estudar Direito e poderia advogar em favor dessa causa…
FBS: Eu até tenho vontade, mas como não existe uma legislação específica sobre a dislexia, tenho dificuldade de chegar ao final do curso de Direito. O que as pessoas com dislexia podem fazer é se organizar, começar a entender mais o problema e explicar como funciona a sua própria dislexia. Tem coisas básicas que poderiam ser mudadas, como a inclusão do leitor no concurso público. Se o disléxico escuta a pergunta ao invés de ler, ele gasta muito menos energia mental para se concentrar na resposta. E outras questões também, como criar grupos e encontros para adultos disléxicos… Porque você tem que trabalhar as crianças no sentido da prevenção para entrar no mundo adulto. Mas existem muitos adultos que já chegaram lá, como eu, e não sabem como lidar com a dificuldade com a escrita e outros problemas. Então é preciso escrever livros, traduzir o que já existe, compartilhar.  E aí é um recado para as editoras no Brasil: vamos fazer mais audiolivros, porque tem gente que quer escutar! E aqui tem todo um mercado porque, se no Brasil somos 200 milhões, há um mercado de milhões de pessoas para muita gente criar produtos e serviços que resolvam o problema de muitos disléxicos.
Instituto ABCD: O que a dislexia te trouxe de bom?
FBS: Quando eu era criança, eu desenhava muito bem, pintava, fazia artesanato em barro… Sempre tive uma criatividade muito elevada, o que me ajudou a ver saídas para os meus problemas econômicos e sociais, porque eu não via só a minha realidade, eu usava a imaginação para ver onde eu podia chegar. Então, a dislexia me deu um pensamento lateral muito forte, e vivo vendo soluções para problemas para os quais eu não sou pago. Também aprendi a facilmente me relacionar com o outro. Mas cada disléxico tem um pacotezinho com dificuldades e habilidades. Então, você tem que aprender a trabalhar com as suas dificuldades, para fazer delas o mínimo; e com suas as habilidades, para fazer delas o máximo. E nisso os professores têm que pensar: na mensagem que estão passando para a criança. Claro que eles não podem acabar com as provas, mas podem mandar a mensagem de que a criança vai conseguir, de que ela é capaz. Isso já faria uma diferença absurda.

Quero aprender: preciso de ajuda !


Quero aprender: preciso de ajuda !

Transtornos de aprendizagem no Blog de Saúde da Dilma ! Importante contribuição do Conselho Federal de Fonoaudiologia.
As dificuldades escolares estão presentes em 40% da população em idade escolar no Brasil. Esses dados são alarmantes e precisam de uma interpretação imediata para que ações e estratégias político-educacionais sejam implementadas. As dificuldades de escolarização podem ser decorrentes de fatores socioeconômicos e culturais, condições de ensino, preparação do professor, entre outros. Porém, tais dificuldades não podem ser confundidas com os transtornos de aprendizagem, também chamados de Transtornos Funcionais Específicos (TFEs), os quais manifestam dificuldades inerentes ao aprendiz, que irão ocorrer mesmo em situações ideais de aprendizagem, como a presença de professores bem preparados, metodologias adequadas de ensino, famílias capazes de promover ambiente eficaz de aprendizagem e assim por diante. Por outro lado, condições escolares deficientes, problemas familiares e socioeconômicos, apesar de não serem a causa primária dos TFEs, podem agravar a situação.
O Ministério de Educação considera como Transtornos Funcionais Específicos quadros como a Dislexia, Discalculia e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade pode afetar o desempenho escolar quando é alto o grau de desatenção; neste caso o tratamento com medicamento pode ser recomendado pelo profissional médico. Nos casos de dislexia, por outro lado, não há prescrição de medicamentos, e, sim, adaptações pedagógicas aliadas ao atendimento especializado. Deve-se salientar que a avaliação diagnóstica não é feita por professores. Em ambos os casos, o diagnóstico deve ser realizado por equipe de profissionais da saúde, da qual o fonoaudiólogo faz parte. Apesar do reconhecimento da existência desse tipo de problema entre os educandos e da necessidade de a escola preparar-se para o atendimento apropriado dos mesmos, o Ministério da Educação ainda não definiu, formalmente, políticas que possam garantir a assistência adequada e necessária a tal população.
Na falta de uma compreensão mais adequada dos problemas que podem caracterizar os transtornos de aprendizagem encontramos uma tendência, bastante prevalente entre os educadores, de encaminhar, desnecessariamente, toda e qualquer criança com alguma dificuldade para serviços extra-escolares, ou seja, para atendimentos fora da escola, de acordo com os recursos de cada comunidade.   Consequentemente, como reflexo de tal situação, o SUS está completamente sobrecarregado com filas de espera em TODOS os serviços especializados que prestam atendimento a crianças e adolescentes com este tipo de dificuldade, sendo que com diagnóstico adequado poderiam estar recebendo apoio pedagógico na própria escola. Somente os casos de transtornos de aprendizagem mais graves necessitam acompanhamento especializado na Saúde. Os gastos desnecessários com procedimentos avançados, demorados e caros, em hospitais e clínica escolas poderiam ser evitados com um programa de prevenção e identificação precoce no próprio ambiente educacional.
Há legislação específica para apoio escolar a estudantes com TFEs em mais de 170 países, com os mais variados regimes políticos, e sistemas educacionais. Países como Estados Unidos, Inglaterra, China e Finlândia possuem políticas que garantem apoio aos disléxicos, como tempo extra para a realização de atividades, possibilidade de gravar as aulas ou uso de calculadoras, por exemplo. Se estes transtornos de aprendizagem fossem tão somente um comportamento decorrente da educação, ou do meio sociocultural, como é possível que sejam reconhecidos em tantas regiões tão diferentes? A Finlândia, por exemplo, tem um sistema educacional considerado como de altíssima qualidade, o que não elimina a existência de alunos com transtornos funcionais.
No Brasil, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva publicada em 2008, estabeleceu critérios para a participação dos alunos da educação especial, nas classes da rede de ensino regular. No entanto, as crianças com Transtornos Funcionais Específicos não foram contemplados nesta nova política.
Nos Estados Unidos a legislação garante a existência de programas de identificação precoce para os transtornos de aprendizagem o que auxilia a escola a desenvolver com as famílias, estratégias de ensino para potencializar a aprendizagem.
O enfoque do Conselho Federal de Fonoaudiologia ao discutir as diretrizes educacionais que atendam alunos com transtornos funcionais específicos de aprendizagem vem trazer luz à vulnerabilidade específica que atinge esse grupo, mesmo na ausência de desvantagem econômica e educacional. Essa discussão representa mais um passo no sentido de promover a integração social por meio de um governo responsivo às questões multifacetadas da sociedade atual e que prima por tolerância, igualdade e justiça social.
O Conselho Federal de Fonoaudiologia zela pela atuação fonoaudiológica de qualidade, seja no contexto da área de saúde, para a realização do diagnóstico, seja junto à equipe de educação participando da formação dos educadores e da discussão do acompanhamento pedagógico destas crianças.
As dificuldades decorrentes destes transtornos de aprendizagem são persistentes e pervasivas, sendo um dos fatores determinantes do fracasso e do abandono escolar por parte de muitos estudantes. A escola é somente um dos contextos onde estas dificuldades graves se manifestam. Os transtornos funcionais acompanham toda a vida do indivíduo, com impactos inclusive em sua vida profissional e social.
Ressaltamos novamente que nem todo o fracasso escolar é decorrente da presença dos TFEs, e, aliás, estes são uma parcela minoritária (4%), contudo que merece atenção.  Enquanto houver crianças e jovens nesse país, impedidos de finalizar o ensino básico em decorrência do não atendimento e por que não, do não entendimento de suas demandas específicas no âmbito da aprendizagem, estaremos em falta profunda com a construção de uma sociedade digna e verdadeiramente inclusiva.

TDAH E VOCÊ


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http://www.tdahevoce.com.br

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ATENÇÃO PROFESSORES

Para refletir

"O passado nunca morre, ele nem sequer é passado"

ADULTANDO-SE DIFERENTE

Crescer sem saber! Ter a mente em confusão a cada segundo vira perturbação crônica.
É como estar em movimento contínuo quando o que queremos é estar parado, olhando, observando, concentrado.
O que é isso?
Ter a sensação de baixo rendimento, não atingir metas estabelecidas. Ter dificuldades em se organizar, procrastinar  tarefas.
O que é isso?
Ter projetos iniciados e não terminados. Dizer o que vem a cabeça sem pensar, sem medir as conseqüências do ato. Não tolerar o tédio e distrair-se facilmente.
O que é isso?
Ter a mente insistindo em ficar desperta, em ficar alerta, em nos cansar, desobedecendo nosso comando, violentando nossa vontade.
O que é isso?
Sabemo-nos inteligentes, sagazes, criativos. Conseguimos fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Então o que há de errado com a gente?
A dispersão, o devaneio são mais algumas características. Só conseguimos focar a atenção naquilo que realmente nos interessa, caso contrário vamos a busca de algo novo. E essa busca é incessante, cansativa – tudo tem início, nada tem final!
O que há de errado com a gente?
Pensa que entendemos ou ao menos aceitamos essa condição? Não, infelizmente.
As acusações de que somos preguiçosos, incompetentes, vagabundos, sonhadores, incoerentes, estressados, controladores, autoritários, invasores, manipuladores, pessoas sem um grande futuro nos atingem desde criança e vamos adultando desacreditados por nós mesmos.
São conceitos que sepultam nossa auto-estima enquanto crescemos.
Como fazer para parar?
Como fazer para não devanear tanto?
Como perseverar?
Porque não conseguimos o que parece simples para os outros?
Quantas  vezes essas perguntas se fizeram ou fazem presentes em nós!!!
O sentimento é de marginalidade, pessoas estranhas.
Sem se fazer entender abriga-se no interior, que mais confuso ainda formula como proteção comportamentos agressivos ao exterior, é assim que sobrevivemos com essa dor idiopática.
Somos estigmatizados pelas pessoas a nossa volta, por aqueles que nos amam e a quem amamos... Acredito por não saberem também lidar com esse caos.
E como os decepcionamos!
Crescemos assim...
Hoje pesquisas científicas avançaram – a neurociência nominou e explicou o que nos afligia.
Saber que é apenas um jeito diferente dos circuitos neurais se ligarem, ah isso foi a LUZ\! Sabemo-nos  TDAH adultos e não adultos defeituosos.
É apenas uma condição diferente dos de ser, assim como os míopes precisamos de óculos para focar melhor.
Como os diabéticos e os hipertensos precisam de medicamentos, os TDAH também precisam para se organizarem. E é isso que faz os tratamentos medicamentosos e a psicoterapia.
Não é algo contagioso ou terminal.
É verdade que se não entendido e aceito desagrega famílias, amizades, causando grande estrago na vida social.
Descobrir e aceitar clareia e muito a vida. Tudo é novo, descobre-se que não se é o que
ouviu a vida inteira. Percebe-se a existência de diferentes potenciais e passa-se a acreditar em si mesmo de uma forma tão intensa que ninguém mais nos segura. A auto-sabotagem acaba. Mas, ACEITAR É PRECISO.
Entendido e aceito passa-se para o treinamento de novos comportamentos com a intenção de deixar de lado hábitos deletérios enraizados, desenvolvidos durante uma vida inteira,  na tentativa de se proteger de nós mesmos e do mundo.
Os que, mesmo cansados, não desistiram de nós são grandes parceiros para nos lembrar o que esquecermos e para nos fazermos presentes quando devaneamos.
Temos que acreditar no verdadeiro amor delas, porque humanamente tendo motivos justificáveis não se vão de nós, não nos abandonam e acreditam, às vezes mais até do que nós, nas nossas capacidades e torcem por nós bem de pertinho, sofrendo todos os impropérios que aparecerem.
Então vamos desmontar os muros, deixar de tolices e bobagens. Deixar de achar que essa condição justifica erros. Somos totalmente responsáveis por ir em frente sem nos camuflarmos em desculpas.
Pais, escolas, treinadores, amigos, família é urgente aprender mais sobre e não sentir vergonha se uma de suas crianças se enquadrarem nesse diagnóstico.
Diagnosticados precocemente, irão adultarem sabendo-se perfeitos e acreditando que são capazes de serem felizes assim como graves erros e sofrimentos evitados.



 Dedico à meu filho, companheiro, amigo dessa estrada.

Hilzia Elane Bacellar

              Rio, 26 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA DO DR PAULO MATOS COM MARILIA GABRIELA - TDAH

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

ADULTANDO-SE DIFERENTE


Crescer sem saber! Ter a mente em confusão a cada segundo vira perturbação crônica.

É como estar em movimento contínuo quando o que queremos é estar parado, olhando, observando, concentrado.

O que é isso?

Ter a sensação de baixo rendimento, não atingir metas estabelecidas. Ter dificuldades em se organizar, procrastinar tarefas.

O que é isso?

Ter projetos iniciados e não terminados. Dizer o que vem a cabeça sem pensar, sem medir as conseqüências do ato. Não tolerar o tédio e distrair-se facilmente.

O que é isso?

Ter a mente insistindo em ficar desperta, em ficar alerta, em nos cansar, desobedecendo nosso comando, violentando nossa vontade.

O que é isso?

Sabemo-nos inteligentes, sagazes, criativos. Conseguimos fazer várias coisas ao mesmo tempo.

Então o que há de errado com a gente?

A dispersão, o devaneio são mais algumas características. Só conseguimos focar a atenção naquilo que realmente nos interessa, caso contrário vamos a busca de algo novo. E essa busca é incessante, cansativa – tudo tem início, nada tem final!

O que há de errado com a gente?

Pensa que entendemos ou ao menos aceitamos essa condição? Não, infelizmente.

As acusações de que somos preguiçosos, incompetentes, vagabundos, sonhadores, incoerentes, estressados, controladores, autoritários, invasores, manipuladores, pessoas sem um grande futuro nos atingem desde criança e vamos adultando desacreditados por nós mesmos.

São conceitos que sepultam nossa auto-estima enquanto crescemos.

Como fazer para parar?

Como fazer para não devanear tanto?

Como perseverar?

Porque não conseguimos o que parece simples para os outros?

Quantas vezes essas perguntas se fizeram ou fazem presentes em nós!!!

O sentimento é de marginalidade, pessoas estranhas.

Sem se fazer entender abriga-se no interior, que mais confuso ainda formula como proteção comportamentos agressivos ao exterior, é assim que sobrevivemos com essa dor idiopática.

Somos estigmatizados pelas pessoas a nossa volta, por aqueles que nos amam e a quem amamos... Acredito por não saberem também lidar com esse caos.

E como os decepcionamos!

Crescemos assim...

Hoje pesquisas científicas avançaram – a neurociência nominou e explicou o que nos afligia.

Saber que é apenas um jeito diferente dos circuitos neurais se ligarem, ah isso foi a LUZ\! Sabemo-nos TDAH adultos e não adultos defeituosos.

É apenas uma condição diferente dos de ser, assim como os míopes precisamos de óculos para focar melhor.

Como os diabéticos e os hipertensos precisam de medicamentos, os TDAH também precisam para se organizarem. E é isso que faz os tratamentos medicamentosos e a psicoterapia.

Não é algo contagioso ou terminal.

É verdade que se não entendido e aceito desagrega famílias, amizades, causando grande estrago na vida social.

Descobrir e aceitar clareia e muito a vida. Tudo é novo, descobre-se que não se é o que

ouviu a vida inteira. Percebe-se a existência de diferentes potenciais e passa-se a acreditar em si mesmo de uma forma tão intensa que ninguém mais nos segura. A auto-sabotagem acaba. Mas, ACEITAR É PRECISO.

Entendido e aceito passa-se para o treinamento de novos comportamentos com a intenção de deixar de lado hábitos deletérios enraizados, desenvolvidos durante uma vida inteira, na tentativa de se proteger de nós mesmos e do mundo.

Os que, mesmo cansados, não desistiram de nós são grandes parceiros para nos lembrar o que esquecermos e para nos fazermos presentes quando devaneamos.

Temos que acreditar no verdadeiro amor delas, porque humanamente tendo motivos justificáveis não se vão de nós, não nos abandonam e acreditam, às vezes mais até do que nós, nas nossas capacidades e torcem por nós bem de pertinho, sofrendo todos os impropérios que aparecerem.

Então vamos desmontar os muros, deixar de tolices e bobagens. Deixar de achar que essa condição justifica erros. Somos totalmente responsáveis por ir em frente sem nos camuflarmos em desculpas.

Pais, escolas, treinadores, amigos, família é urgente aprender mais sobre e não sentir vergonha se uma de suas crianças se enquadrarem nesse diagnóstico.

Diagnosticados precocemente, irão adultarem sabendo-se perfeitos e acreditando que são capazes de serem felizes assim como graves erros e sofrimentos evitados.



Rio, 11.06.2008

TDAH


CABEÇA NAS NUVENS

Inúmeras pesquisas têm indicado, diferentemente do que se pensava, que os sintomas do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDA/H) não desaparecem na adolescência. A característica essencial é um padrão persistente e acentuado de desatenção e/hiperatividade.
Estudos mostram que o TDAH persiste na vida adulta em torno de 60 a 70% dos casos.

Pessoas com TDA/H| tendem a apresentar dificuldades de concentração, problemas de aprendizado, distúrbios motores e de comportamento, instabilidade, hiperatividade e retardo na fala.

Embora a maioria dos indivíduos apresente sintomas tanto de desatenção como de impulsividade, em alguns há predominância de um ou outro padrão.
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SINAIS COMUNS

Crianças com transtorno não conseguemficar sentadas em sala de aula e prestar atenção por muito tempo. Com frequência, são rejeitadas por colegas em razão da inquietude, agravada pelos comportamentos impulsivos. Se não há intervenção, os problemas acadêmicos e sociais tendem a piorar, levando a consequências adversas no futuro.

Além de desatenção, hiperatividade e impulsividade - consideradas os principais sintomas - outra manifestação comum é a pouca coordenalçao motora, a ponto de, muitas vezes, os pais rotularem os filhos de desajeitados ou desastrados.

As crianças geralmente apresentam tendência de movimentação constante: agitam as mãos ou os pés, remexem-se na cadeira, abandonam seu lugar para correr ou escalar (muros, móveis), sobretudo em situações que isso é inapropriado. Falam demais ou têm dificuldade de brincar e permanecer em silêncio durante determinadas atividades de lazer que requerem esse comportamento.

Há problemas para se fixar em detalhes ou a propensão a erros por descuido em atividades intelectuais. Esses meninos e meninas não conseguem acompanhar instruções longas e/ou terminar os deveres escolares ou domésticos nem organizar as tarefas; relutam em envolver-se em atividades que exijam esforço mental por longo período (como ler textos estensos ou livros sem gravuras); distraem-se facilmente com estímulos alheios às tarefas ou atividades diárias que estão executando, muitas vezes chegando a esquecer-se delas.

A desatenção leva a distração, ao "sonhar acordado" e a dificuldade de persistir em uma única tarefa por um período mais prolongado. Como a atenção é desviada de um estímulo a outro com frequencia os pais e os professores dizem que esses jovens agem como se não ouvissem ou como se estivessem com a cabeça nas nuvens.

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TDA/H na ADOLESCÊNCIA

Nessa fase os sintomas de TDA/H mudam. A maioria dos adolescentes não apresentam hiperatividade. Porém grande numero mantêm os sintomas de deficits de função executiva, incluindo dificuldades organizacionais na administração do tempo, no planejamento, no processo de tomada de decisões, que podem causar prejuízos significativos em diversas áreas.
O desaparecimento total dos sintomas é raro, mas podem ser controlados.

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ADULTOS ou ADOLESCENTES com TDA/H nem sempre conseguem manter a atenção em reuniões, leituras e trabalhos tediosos, tendem a ser lentos e ineficientes, a adiar suas tarefas (muitas vezes deixando-as para última hora) e a manejar o tempo de forma deficiente, o que os leva a ser desorganizados e a sentir-se sobrecarregados. Dependendo da intensidade dos sintomar têm pouca habilidade para gerenciar emoções.
Portanto é comum apresentarem um histórico de fracassos ao longo da vida, com evidente comprometimento da auto-estima, em decorrência das dificuldades que encontram na comunicação efetiva com seus interlocutores na organização de rotinas pessoais e domésticas, na finalização de estudos ou especialização, no desenvolvimento da intimidade nas relações amorosas e na obtenção e manutenção de um bom emprego. Também exibem problemas na administração das finanças pessoais e no manejo do uso de substâncias.

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DIAGNÓSTICO em ADOLESCENTES E ADULTOS

Requer cuidadosa análise da história clínica, obtida por intermédio do relato do paciente acerca de seus sintomas e do impacto deles em sua vida.

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TRATAMENTO

Recentemente os estudos têm enfocado a eficácia de terapias medicamentosas e não medicamentosas.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem sido a principal modalidade não medicamentosa citada na literatura internacional, pois atua nos principais déficit comportamentais do portador de TDA/H, como os de comportamento inibitório, de auto-regulação da motivação, de organização e planejamento além de direcionar o paciente a um objetivo.
A família e seu engajamento no tratamento, em especial no caso de crianças e adolescentes, auxilia no entendimento de que não se trata de rebeldia ou preguiça.

Monica Miranda - Neuropsicóloga, coordenadora do Núcleo de Atendmento Neuropsicológico Infantil da Unifesp e professora do curso de psicologia da Universidade Mackenzie.

Para saber mais:

Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade em adultos. P. Mattos, em SNC em Foco, vol.2, n 1, pags.26-28, 2006
Tendência a Distração - Edward Hallowell - Ed Rocco
Mentes Inquietas - Ana Beatrz B. Silva - Napades - http://www.napades.med.br/

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YOGA -TDA/H

Há quase 36 anos militando na área da Fonoaudiologia sempre me chamou atenção as crianças agitadas e/ou dispersivas e as que tinham dificuldades em leitura e escrita. A primeira manifestação de um distúrbio de leitura e escrita surge durante o período da alfabetização. A prevalência deste distúrbio é de 5 a 10.% da população infantil mundial sendo descrita nos EUA, como um preocupante problema de saúde pública .

Com certa evidência, autores apontam a associação entre as dificuldades escolares e o TDAH, de forma que a criança com déficit de atenção pode apresentar um transtorno de aprendizagem de leitura e/ou escrita. Alterações semânticas, sintáticas e pragmáticas foram citadas como consequências de distúrbios de atenção.

Algumas pesquisas, como a encontrada em [mediconsult.com], estimam que existem de 3 a 5 milhões de crianças TDAH. Se adicionarmos aquelas com deficiência de aprendizado, o quadro pode chegar a 10 milhões de crianças ou mais.
O que fazer? Como ajudar essas crianças? Pesquisei e encontrei um estudo feito na Clínica de Psiquiatria e Psicoterapia Infantil da Universidade de Heidelberg (Alemanha) sobre a yoga como um tratamento complementar altamente indicado para o chamado TDAH . Segundo os pesquisadores, a yoga mostrou-se mais eficaz do que outras atividades físicas na redução dos sintomas relacionados ao distúrbio. O estudo também mostra que os melhores resultados foram verificados nas crianças que, além da prática de yoga, tomavam medicamentos específicos prescritos para o quadro.

Os exercícios de relaxamento, concentração, respiração e meditação trazem benefícios e possibilitam que as crianças aprendam estratégias para lidar com as suas dificuldades. Da mesma forma, é importante que os pais se conscientizem da importância de um ambiente familiar mais organizado. Como vamos reclamar da violência nas ruas se em alguns lares a "ordem" é buscada através do grito?
TDAH e dificuldades escolares apontam para um quadro de baixa auto estima. A criança considera seus colegas mais inteligentes e já começa uma tarefa com a sensação de que não vai conseguir.

Inserir a Yoga na vida das crianças é atender uma demanda crescente da sociedade que busca novos caminhos para compreender tantas dificuldades. Precisamos lembrar que as crianças de hoje vão participar da construção um mundo melhor onde o Amor e a Fraternidade serão os pilares das próximas gerações.
                                                                                 (Denise Guapyassú – Mestre em Fonoaudiologia)