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sábado, 21 de janeiro de 2012


ADULTANDO-SE DIFERENTE

Crescer sem saber! Ter a mente em confusão a cada segundo vira perturbação crônica.
É como estar em movimento contínuo quando o que queremos é estar parado, olhando, observando, concentrado.
O que é isso?
Ter a sensação de baixo rendimento, não atingir metas estabelecidas. Ter dificuldades em se organizar, procrastinar  tarefas.
O que é isso?
Ter projetos iniciados e não terminados. Dizer o que vem a cabeça sem pensar, sem medir as conseqüências do ato. Não tolerar o tédio e distrair-se facilmente.
O que é isso?
Ter a mente insistindo em ficar desperta, em ficar alerta, em nos cansar, desobedecendo nosso comando, violentando nossa vontade.
O que é isso?
Sabemo-nos inteligentes, sagazes, criativos. Conseguimos fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Então o que há de errado com a gente?
A dispersão, o devaneio são mais algumas características. Só conseguimos focar a atenção naquilo que realmente nos interessa, caso contrário vamos a busca de algo novo. E essa busca é incessante, cansativa – tudo tem início, nada tem final!
O que há de errado com a gente?
Pensa que entendemos ou ao menos aceitamos essa condição? Não, infelizmente.
As acusações de que somos preguiçosos, incompetentes, vagabundos, sonhadores, incoerentes, estressados, controladores, autoritários, invasores, manipuladores, pessoas sem um grande futuro nos atingem desde criança e vamos adultando desacreditados por nós mesmos.
São conceitos que sepultam nossa auto-estima enquanto crescemos.
Como fazer para parar?
Como fazer para não devanear tanto?
Como perseverar?
Porque não conseguimos o que parece simples para os outros?
Quantas  vezes essas perguntas se fizeram ou fazem presentes em nós!!!
O sentimento é de marginalidade, pessoas estranhas.
Sem se fazer entender abriga-se no interior, que mais confuso ainda formula como proteção comportamentos agressivos ao exterior, é assim que sobrevivemos com essa dor idiopática.
Somos estigmatizados pelas pessoas a nossa volta, por aqueles que nos amam e a quem amamos... Acredito por não saberem também lidar com esse caos.
E como os decepcionamos!
Crescemos assim...
Hoje pesquisas científicas avançaram – a neurociência nominou e explicou o que nos afligia.
Saber que é apenas um jeito diferente dos circuitos neurais se ligarem, ah isso foi a LUZ\! Sabemo-nos  TDAH adultos e não adultos defeituosos.
É apenas uma condição diferente dos de ser, assim como os míopes precisamos de óculos para focar melhor.
Como os diabéticos e os hipertensos precisam de medicamentos, os TDAH também precisam para se organizarem. E é isso que faz os tratamentos medicamentosos e a psicoterapia.
Não é algo contagioso ou terminal.
É verdade que se não entendido e aceito desagrega famílias, amizades, causando grande estrago na vida social.
Descobrir e aceitar clareia e muito a vida. Tudo é novo, descobre-se que não se é o que
ouviu a vida inteira. Percebe-se a existência de diferentes potenciais e passa-se a acreditar em si mesmo de uma forma tão intensa que ninguém mais nos segura. A auto-sabotagem acaba. Mas, ACEITAR É PRECISO.
Entendido e aceito passa-se para o treinamento de novos comportamentos com a intenção de deixar de lado hábitos deletérios enraizados, desenvolvidos durante uma vida inteira,  na tentativa de se proteger de nós mesmos e do mundo.
Os que, mesmo cansados, não desistiram de nós são grandes parceiros para nos lembrar o que esquecermos e para nos fazermos presentes quando devaneamos.
Temos que acreditar no verdadeiro amor delas, porque humanamente tendo motivos justificáveis não se vão de nós, não nos abandonam e acreditam, às vezes mais até do que nós, nas nossas capacidades e torcem por nós bem de pertinho, sofrendo todos os impropérios que aparecerem.
Então vamos desmontar os muros, deixar de tolices e bobagens. Deixar de achar que essa condição justifica erros. Somos totalmente responsáveis por ir em frente sem nos camuflarmos em desculpas.
Pais, escolas, treinadores, amigos, família é urgente aprender mais sobre e não sentir vergonha se uma de suas crianças se enquadrarem nesse diagnóstico.
Diagnosticados precocemente, irão adultarem sabendo-se perfeitos e acreditando que são capazes de serem felizes assim como graves erros e sofrimentos evitados.



 Dedico à meu filho, companheiro, amigo dessa estrada.

Hilzia Elane Bacellar

              Rio, 26 de fevereiro de 2011

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