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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Psicólogos


O cadastro de psicólogos da ABDA é um serviço público gratuito. Ele contém nomes e informações sobre psicólogos que são associados da ABDA e tratam o TDAH.

Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade/Impulsividade - TDAH - MAIS INFORMAÇÕES

Rede SACI
29/06


Associação Brasileira de Déficit de Atenção
Comentário SACI: http://www.dda.med.br/


O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um problema bastante comum e se caracteriza por dificuldade em manter a atenção, inquietude acentuada (por vezes hiperatividade) e impulsividade. Ele também é chamado de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em muitos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas sejam mais brandos quando comparados aos de crianças.

O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores (embora isto não seja obrigatório). As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" (isto é, não param quietas por muito tempo). Muitas crianças têm também um comportamento desafiador e opositivo associado, não respeitando limites e "enfrentando" ativamente os adultos.

Em adultos, ocorrem dificuldades com a atenção para coisas do cotidiano e trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente considerados egoístas. Eles têm uma grande freqüência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

Até hoje é comum que se diga que o TDAH é um distúrbio essencialmente infantil. Não é raro que médicos digam aos pais de uma criança com TDAH que "isto vai desaparecer com o tempo". Sabemos hoje em dia que isto não é verdade: a maioria das crianças com TDAH na infância terão sintomas por toda a vida. Estes sintomas poderão ou não interferir de modo significativo com suas vidas profissionais, sociais e familiares.

A existência da forma adulta do TDAH foi oficialmente reconhecida em 1980 por ocasião da publicação do DSM-III (um manual americano de diagnóstico e estatística, que vai sendo revisado periodicamente; atualmente estamos na versão IV) pela Associação Psiquiátrica Americana. Passou-se muito tempo até que ela fosse amplamente divulgada no meio médico e ainda hoje, observa-se que este diagnóstico é apenas raramente realizado, persistindo o estereótipo de um transtorno acometendo meninos que não permanecem quietos em sala de aula e que têm mau desempenho escolar. Atualmente acredita-se que mais de 50% das crianças com TDAH ingressarão na vida adulta com alguns dos sintomas e que em muitos casos eles causarão várias dificuldades no funcionamento social, familiar e profissional. Outros indivíduos terão alguns sintomas (em menor quantidade do que apresentavam quando eram adolescentes), mas eles não trarão problemas significativos em suas vidas.

Para se fazer o diagnóstico de TDAH em adultos é obrigatório demonstrar que o transtorno esteve presente desde criança. Isto pode ser difícil porque o indivíduo freqüentemente não se lembra de sua infância e também os pais podem ser falecidos ou estar bastante idosos para relatar ao médico. Em muitos casos porém é possível afirmar que o transtorno esteve presente desde cedo e que persistiu pela vida adulta.

Os sintomas listados na DSM-IV são os mesmos para crianças, adolescentes e adultos, com a diferença que nestes últimos não é necessário apresentar 6 sintomas do módulo de Desatenção ou 6 sintomas do módulo de Hiperatividade-Impulsividade. Em geral adultos têm bem menos sintomas (embora tenham tido a quantidade necessária para o diagnóstico quando eram mais jovens).

O tratamento também é feito primariamente com medicamentos, sendo a Ritalina a primeira opção e os antidepressivos (em geral os chamados tricíclicos) a segunda opção. Como a presença de ansiedade e depressão é bastante comum em adultos (junto com o TDAH) outros medicamentos podem ser necessários.

Critérios de Brown (resumidos)
1.Ativação e Organização no Trabalho: dificuldades em iniciar tarefas, organizar-se, estimular-se sozinho para rotinas diárias.
2.Sustentação da Atenção: dificuldades para manter a atenção nas tarefas, distração ou "sonhos acordados" excessivos durante o dia, em especial enquanto está ouvindo ou lendo por obrigação.
3.Manutenção da Energia e Esforço: dificuldades em manter um nível consistente de energia e esforço nas tarefas, sonolência diurna, "cansaço" mental.
4.Labilidade do humor e hiper-sensibilidade à crítica : irritabilidade variável e não desencadeada por fatores externos, aparente "falta de motivação", rancor exagerado.
5.Dificuldades com a memória: dificuldades na lembrança de material recente (nomes, datas, fatos) e remoto.
É importante observar que os critérios de Brown pecam por ignorar a presença de um sintoma extremamente frequente nos casos de TDAH: o comprometimento da capacidade de inibir respostas, aspecto descrito na literatura como "impulsividade".
Como em qualquer transtorno, seja ele físico ou psíquico, existem quadros mais leves e quadros mais graves. Muitas pessoas têm muitos sintomas e eles interferem de modo significativo em sua vida. Outras têm apenas alguns sintomas e conseguem contorná-los de modo satisfatório. Os depoimentos desta seção são muito variados quanto ao número de sintomas (no TDAH existem vários sintomas; uma pessoa não apresenta todos eles) e também sua gravidade.

A mãe que era uma chata!
Sou separada, 32 anos, mãe de duas crianças. Meu filho tem TDAH e eu tenho estudado muito, pesquisado para poder entender e ajudá-lo. Minha rotina é esta: levanto-me às 6 da manhã e já começo a chamá-lo, para que às 7:10 ele ainda não esteja pronto (geralmente ele termina de arrumar-se dentro do carro, ou escovar os dentes ou cabelos na escola). Na sala de aula é a mesma coisa, ele se senta ao lado da professora, e várias vezes ela lhe chama a atenção para que produza. Lição de casa (eu choro quando tem) ele passa a noite toda (eu trabalho o dia todo, retorno às 17hs) para fazer o mínimo, já tentei tudo que vocês podem imaginar: castigos, promessas, cortei videogame, TV e bicicleta, mas nada adianta.

O dia que ele precisa estudar alguma lição, as coisas pioram. Já tentei colar cartazes pela casa, (da tabuada, por exemplo, do que ele precisa fazer, do que ele não pode fazer), mas que nada: quando eu o cobro ele diz "IH, ESQUECI!". E esquece mesmo. Se hoje eu estudo o dia todo a "tabuada do número 2" com ele, ele me responde de "cor e salteado"; quando ele chega na sala não lembra mais. Os seus cadernos, ninguém entende, seu números são irreconhecíveis, não consegue organizar-se, não consegue administrar seu dinheiro, seus brinquedos, seu guarda-roupas (ele conseguiu revirar até o que ele não precisava mexer). Materiais escolares, simplesmente evaporam de sua mão, e ele não consegue achar.

O pai dele acha que isso tudo é normal, que se ele não gosta de estudar eu tenho que deixar de ser "chata". Como se não bastasse suas dificuldades escolares, tenho encontrado muito dificuldade quanto a coloca-lhe limites, ele por vezes me enfrenta, é mal educado, responde-me e quer dar a última palavra.

Comentário da ABDA

As chances de uma mãe de criança com TDAH se tornar uma "chata" são muito grandes, ainda mais quando o pai "não está nem aí" para o comportamento do filho. É curioso (e triste), mas muitos homens simplesmente negam a existência do TDAH ou acham que tudo isto é bobagem" ou "invenção de médicos e psicólogos". Por vezes nem mesmo mostrar livros, sites da internet ou entrevistas com especialistas adianta para estes indivíduos. Acaba ficando tudo nas costas da mãe, mesmo.

Para diminuir as chances de se tornar uma "chata" no que se refere aos estudos em casa, aqui vão algumas dicas:

1. Certifique-se que ele está sendo adequadamente tratado por alguém que conhece bem o TDAH, que a dosagem do medicamento está apropriada, bem como os horários de tomada dos comprimidos.
2. Nunca obrigue seu filho a estudar muito tempo seguido, faça pequenos módulos com intervalos entre eles.
3. Estudos não podem competir (no mesmo horário) com outras atividades prazerosas.
4. Estimule a estudar em voz alta.
5. Cobre resultados, nunca o "estudo" em si. Defina com ele a forma de estudar que ele julga mais "legal" e combine avaliar os resultados disto em 15 dias, por exemplo. Se não funcionar, proponha outras formas.

O tratamento de crianças, adolescentes e adultos com TDAHI envolve aspectos complementares.

O primeiro deles é o esclarecimento detalhado acerca do transtorno e a variedade de sintomas, o curso do mesmo ao longo da vida e as conseqüências no funcionamento social, profissional e familiar. O transtorno tem causa biológica e sofre forte influência genética. Não há nenhuma evidência que psicoterapias, de qualquer tipo, modifiquem os sintomas básicos de desatenção, inquietude e impulsividade. A maioria dos médicos especialistas indica o tratamento com medicamentos.

A psicoterapia não é uma alternativa a ser tentada antes do uso de medicamentos; ela pode entretanto ser recomendada associada aos mesmos com o único objetivo de tentar abrandar as consequências do TDAH na vida do indivíduo. A psicoterapia não trata as causas do TDAH. Muitos pacientes necessitarão de psicoterapia em função de uma multiplicidade de problemas em diferentes áreas de sua vida. A psicoterapia mais indicada nos casos de TDAH é a cognitivo-comportamental, que ensina técnicas específicas para serem utilizadas no dia-a-dia.

A avaliação do TDAH deve ser inicialmente feita por um médico, mas frequentemente é necessário o trabalho em equipe para um diagnóstico mais completo e também para o tratamento.

Como a comorbidade do TDAH com outros transtornos é comum (vide o setor sobre isto no site) um diagnóstico bem aprofundado é necessário. O abuso e a dependência de álcool e drogas (especialmente cocaína) são comuns em adultos, especialmente nos homens, e devem ser tratados com profissionais de saúde mental especializados (psiquiatra e psicólogo). Quadros depressivos e ansiosos devem também ser tratados com aqueles profissionais e frequentemente exigem o uso de medicamentos específicos.

No caso de adultos casados, com frequência algumas intervenções necessitam ser realizadas com o cônjuge, cuja participação no tratamento é importante. No caso de crianças e adolescentes, há programas de orientação e treinamento para pais e professores. Existem propostas muito interessantes de reestruturação do ambiente escolar e doméstico para crianças com TDAH. Existem também várias recomendações que podem ser fornecidas ao paciente, de acordo com cada caso em particular, que amenizam suas dificuldades no dia-a-dia (tais como esquecimentos, impulsividade, etc.).

A terapêutica farmacológica deve ser tentada na absoluta maioria dos casos onde o diagnóstico é claro e há comprometimento na vida social, profissional ou acadêmica. Ela pode não estar indicada em casos mais leves ou quando não há comprometimento significativo.

Existem muitos profissionais que prestam um desserviço à comunidade quando afirmam em meios de comunicação que os medicamentos "entorpecem" os pacientes, os tornam "robotizados", "zumbis" e que este é um meio artificial de controle da doença. Estas alegações são falsas. Geralmente são profissionais que estão desinformados e provavelmente não trabalham em centros especializados, além de nunca terem acompanhado de perto um número suficiente de pessoas com TDAH, antes e depois do tratamento farmacológico, para observar a enorme diferença na vida destes indivíduos.

Vários fármacos já foram estudados no tratamento do TDAH, havendo evidências mais sólidas de eficácia com os seguintes (os medicamentos não disponíveis comercialmente no Brasil estão assinalados com um asterisco):

1) ESTIMULANTES, como o metilfenidato (Ritalina), o pemoline (Cylert*), e as anfetaminas (Dexedrine*, Adderall*).

Os estimulantes são a primeira escolha no tratamento de TDAH segundo o NIH - National Institute of Health, dos EUA. Nada menos que 90% de todas as crianças em tratamento para TDAH nos EUA fazem uso de estimulantes. Existem quase 200 estudos clínicos, com mais de 6.000 crianças avaliadas, demonstrando que 70% respondem com um único estimulante. Os estimulantes melhoram não apenas os sintomas típicos de TDAH (desatenção, inquietude e impulsividade), como também aqueles de condições coexistentes (especialmente ansiedade e depressão).

Explosões de raiva e comportamento intempestivo também melhoram com metilfenidato. Adultos também fazem uso de estimulantes, porém em doses proporcionais à sua faixa etária.

Os eventos adversos observados com o uso de estimulantes ocorrem em menos de 5% dos pacientes e são os seguintes : insônia, diminuição do apetite, dores de estômago e cabeça e vertigem. Algumas crianças desenvolvem tiques quando iniciam o uso de estimulantes, mas não se sabe se a medicação causa os tiques ou se ela simplesmente revela uma condição pré-existente (crianças que têm Doença de Tourrette, caracterizada por múltiplos tiques, pioram quando usam estimulantes).

Antigamente havia a crença de que o uso de estimulantes retardaria o crescimento de crianças e por isso se recomendava os "feriados" (alguns dias ou o final de semana) ou "férias" (meses) terapêuticas. O uso de metilfenidato se associa a um menor ganho de peso, mas não de altura.

Alguns autores ainda recomendam estes períodos sem medicamentos porque isto diminui a frequência de perda do efeito (um evento mais raro) ao longo dos anos.

2) ANTIDEPRESSORES, em especial os tricíclicos como a imipramina (Tofranil) e a desipramina (Norpramin*); a venlafaxina (Efexor) e a bupropiona (Wellbutrin*, Zyban). Os antidepressores não são a primeira escolha no tratamento do TDAH, exceto quando existe um quadro depressivo significativo comórbido.

Os eventos adversos com o uso de tricíclicos ocorrem apenas em doses mais altas e, mesmo assim, não são observados em todos os pacientes. Dentre eles, estão : boca seca, prisão de ventre, taquicardia (batimentos cardíacos acelerados), tonteiras, suores e ganho de peso. Em adultos que usam doses maiores, podem ocorrer arritmias cardíacas, retenção urinária e agravamento de glaucoma (aumento da pressão ocular).
Os eventos adversos que podem ocorrer com a venlafaxina são náuseas, dores de cabeça e diarréia. No caso da bupropiona, os eventos adversos são ainda mais raros. Existe incidência de convulsão em doses maiores que 400mg por dia, numa proporção raríssima.

Prof. Paulo Mattos, MD

Outros medicamentos que merecem ser mencionados:
1) A clonidina (Atensina), um medicamento para tratamento de hipertensão arterial, parece estar associada a resposta favorável em bom número de casos. Ela pode ser utilizada com estimulantes e seu uso vem crescendo nos últimos anos.
2) Barbitúricos (Gardenal) e outros anticonvulsivantes (Tegretol, Trileptal) e benzodiazepínicos (tranquilizantes como Valium, Lexotan, Diempax, Noam, Psicosedin, Tranxilene, etc.) estão geralmente contra-indicados.
3) O uso de neurolépticos ou anti-psicóticos (Neuleptil, Melleril, Haldol, Equilid, Dogmatil, Risperdal) deve ser restrito a casos muito especiais, em geral quando os estimulantes promovem aumento do comportamento motor ou quando existe déficit cognitivo associado (retardo mental).

Dúvida:
O eletroencefalograma (EEG) é obrigatório para o diagnóstico de TDAH?

Resposta:
Não, o EEG não é utilizado para o diagnóstico de TDAH. Alguns médicos acreditam que existem alterações que são sugestivas de TDAH, como a presença de ondas lentas nas regiões temporais anteriores, mas isto não é aceito pela maioria dos pesquisadores. O diagnóstico de TDAH é feito clinicamente (com entrevista por profissional especializado) e não com exames complementares.

Dúvida:
A Ritalina compromete o crescimento de crianças? Elas se tornam mais baixas com o uso prolongado?

Resposta:
Havia inicialmente um receio que isto realmente acontecesse, o que foi um dos motivos para se interromper o uso durante as férias ou nos fins-de-semana (também há outros motivos para isto). Nos estudos mais modernos e com metodologia correta verificou-se que a Ritalina pode diminuir em alguns casos (mas não todos) a curva de crescimento logo no início, isto é, a velocidade com que a criança ganha altura nos primeiros meses ou anos de tratamento, compensando isto plenamente com o passar do tempo e a continuidade da medicação. Assim, embora possa ocorrer em alguns casos uma velocidade menor de crescimento no início do tratamento, não ocorre uma baixa estatura, porque as crianças em uso do medicamento com o passar do tempo "alcançam" as demais.

Dúvida:
Crianças com TDAH devem sentar na primeira ou na última fila na sala de aula?

Resposta:
Isto pode variar bastante, conforme a criança e o tipo de escola. Na maioria das vezes, o melhor é sentar na primeira fila porque existem menos distratores na frente da criança (outras crianças) e a professora pode ter um controle maior sobre o comportamento da mesma. Como é recomendado que a criança com TDAH também seja uma espécie de "auxiliar" da professora, levantando com frequência para pegar material, a pauta, cadernos, recolher provas, etc. fica mais fácil quando ela senta na primeira fila. Ser auxiliar aumenta a auto-estima e dá permissão "oficial" para que ela se movimente mais, levante mais durante a aula. Em outros casos, quando a hiperatividade é muito grande e a criança mal consegue ficar poucos minutos sentada, o ideal é permanecer na última fila, pois assim atrapalhará menos o restante da turma.

Dúvida:

Uma criança que tem muita dificuldade com os estudos desde pequena e que também é desatenta tem o TDAH?

Resposta:
Ela pode ou não ter TDAH e é preciso consultar um especialista para esclarecer melhor o diagnóstico. O TDAH pode se apresentar em três formas (veja no site) porém em todas elas existem tanto sintomas de hiperatividade quanto de desatenção. Quando esta última é predominante, diz-se que estamos diante de um caso de TDAH Predominantemente Desatento. Repare que a expressão "predominantemente" indica que não existem apenas sintomas de desatenção, ou seja, que existem também sintomas de hiperatividade. Uma criança que é exclusivamente desatenta tem grandes chances de não ter o TDAH. Caso ela tenha problemas importantes com o aprendizado (Transtornos do Aprendizado), é razoável supor que ela não se interesse muito pelos estudos e pela escola. É muito raro gostarmos de alguma coisa que não conseguimos fazer direito ou que fazemos com muita dificuldade. Neste caso, a criança não irá prestar atenção porque não gosta dos estudos e se frusta com o seu desempenho, por mais que se esforce para estudar. Neste caso então a desatenção pode ser considerada secundária a um outro problema, e não sintoma de TDAH.

A Associação Brasileira do Déficit de Atenção - ABDA.

Nesta seção do site da ABDA estarão discriminados os links relacionados ao TDAH, suas causas, estudos e tratamento no Brasil e no exterior. A ABDA foi criada em 1999 e é uma entidade sem fins lucrativos. Seu objetivo é difundir informações sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e promover eventos a este respeito. A ABDA possui um grupo de discussão no seu site oficial que permite a troca de informações, comentários e perguntas sobre diversos tópicos relacionados ao TDAH. A ABDA tem como associados profissionais diversos que trabalham com portadores de TDAH, familiares e amigos de portadores, além dos próprios portadores.

Nenhum membro da diretoria ou consultor recebe qualquer tipo de auxílio financeiro.
Nossa sede fica na Rua Paulo Barreto 91 - Botafogo - Rio de Janeiro, RJ.
CEP: 22280-010 Telefone: (21) 2295-3796 Email:
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Porto Alegre
Contatos: Sandra Meneghetti Sader
Endereço: Av. Protásio Alves 1151 ap. 03 - Porto Alegre, RS
CEP: 90460-001
Telefones: (51) 3388-4653
Endereço eletrônico: agdahpoa@brturbo.com ou agdahpoa@ig.com.br

Relação de páginas com uma pequena descrição sobre a temática abordada
Projeto Florescer
Projeto Florescer, um site muito especial, com informações para educadores e profissionais de saúde preocupados em resolver o problema das crianças hiperativas e/ou com déficit de atenção.
http://www.uol.com.br/riopretoregional/projetos/florescer
Lista de Discussão
Projeto-florescer
http://www.egroups.com/group/projeto-florescer
Se você quiser participar da Lista de discussão mande um e-mail para:
projeto-florescer-subscribe@egroups.com/
Se você quer mais informações sobre a Lista mande um e-mail para:
projeto-florescer-owner@egroups.com
Distúrbio do Déficit de Atenção em Adultos
Trata do DDA, descrevendo o quadro clínico, diagnóstico, comorbidade, etiologia, curso, etc.
http://sites.uol.com.br/gballone/voce/dda_adulto.htm
Uma Revisão do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (DDA/H), Sua Etiologia, Diagnóstico, Curso e Tratamento
Trabalho apresentado no I Encontro de Iniciação Científica da Universidade Mackenzie, fazendo uma revisão dos principais pontos relacionados com DDA/H
http://www.psicobiologia.com.br/genn/DDA/index.htm
Diabinhos: Tudo sobre o déficit de atenção/hiperatividade
Uma monografia, feita por estudantes de Psicologia descrevendo o Histórico, Etiologia, Sinais e Sintomas e Tratamento de TDAH
http://www.psicobiologia.com.br/pesquisa/add.htm
Mental Help
Site de ajuda on-line em psiquiatria e neuropsiquiatria. Contém tópicos sobre o TDAH. Páginas em Inglês, Português e Alemão.
http://www.mentalhelp.com/
Hiperatividade
É um site de informação, orientação e interação sobre o TDAH.
http://www.hiperatividade.com.br/
Napades - Núcleo de Atendimento ao Pânico, Depressão e Stress
Aborda o tema do déficit de atenção e também outros transtornos.
http://www.napades.med.br/

Links
Livros interessantes: "Mentes Inquietas" e "Tendência a Distração"

OLHA EU AI NA REDE MOCORONGA - PARÁ - BRASIL

Boca saudável, corpo melhor

16 de abril de 2011 por Elis Lucien

Ter um sorriso bonito e dentes bem branquinhos, só com muito cuidado. Os dentes merecem um tratamento especial. Cuidar da saúde bucal também faz parte da nossa saúde, ter dentes saudáveis ajuda na mastigação facilitando o processo de digestão dos alimentos que comemos, ajuda  na pronuncia das palavras e também no convívio social.
As doenças da boca são preocupantes desde das mais simples à exemplo Cárie até o Câncer de boca. Para que as nossas crianças não tenham esses problemas é necessário um cuidado muito especial de seus pais e  responsáveis . *Até os seis anos de idade, um adulto deve limpar/escovar os dentes da criança 3 vezes ao dia. Até os oito anos de idade – deve escovar os dentes da criança pelo menos antes de dormir. Até os 12 / 13 anos de idade – um adulto deve supervisionar, confirmar se já escovou os dentes” .
São dicas simples que irão auxiliar no combate às doenças da boca.


texto informativo do manual para educadores


Segundo a Dra. Hilzia Elane Bacellar “a escovação deve ser feita sempre depois de comermos alguma alimento, principalmente quando tem açucar. O importante é manter os dentes sem os resíduos de alimentos. São essas sujeirinhas que ficam na boca que grudam na parte de fora dos dentes (o esmalte ) e causam a cárie.   Se toda vez que comermos algo a escova de dente entrar em ação não há carie.  Nenhum dente nasce com cárie, os antibióticos não causam cárie (o açucar que esta no antibiótico e que não e retirado da boca e que vai causar cárie).  Então,  vamos ficar atentos e fazer da escova de dente nossa aliada para combater a cárie no dente.  Não esquecendo que os bêbes mesmo sem dentes precisam ter suas boquinhas limpas, isso se faz  com uma frandinha molhada com água limpa, apenas água limpa e filtrada”.
 *Saúde Bucal, Manual para Educadores 
 Prefeitura de Foz do Iguaçu – Secretaria da Saúde – Divisão de Saúde Bucal.

VIDEOS DO PROFESSOR PAULO MATTOS SOBRE DÉFICIT DE ATENÇÃO NA GLOBO NEWS

Funcionamento Conjugal e Familiar de Adultos Portadores de TDAH e Seus Cônjuges

Diversos estudos têm abordado o impacto que uma criança com TDAH provoca na sua família e na relação com seus colegas. Todavia, poucos trabalhos têm focalizado de maneira especial o impacto produzido pelo adulto portador de TDAH no seu funcionamento conjugal e familiar.
Alguns autores já haviam observado que a sintomatologia do TDAH atua negativamente sobre os outros membros da família em virtude das dificuldades de organização, das dificuldades de modulação das emoções, da baixa tolerância às frustrações e das falhas de comunicação (“parece não ouvir”, “diz coisas sem pensar”).
Outros trabalhos evidenciaram que os adultos portadores de TDAH padecem de um maior risco de sofrerem problemas conjugais, apresentam um maior índice de divórcio, casam-se mais vezes que os não-portadores, e referem menor satisfação na vida matrimonial.
Um importante fator modulador é o nível de funcionamento do cônjuge do portador, uma vez que o funcionamento familiar freqüentemente fica na dependência dessa pessoa. Esse cônjuge com bastante freqüência torna-se responsável pelo movimento da casa, pela educação dos filhos e pelo controle financeiro do casal. Conseqüentemente os cônjuges dos portadores sofrem de uma sensação de ressentimento ou de sobrecarga motivada pela distribuição desigual das tarefas e das responsabilidades, além da sensação de falta de apoio emocional disponível para eles.
É possível que pessoas que decidem permanecer casadas com um adulto portador sejam pessoas especialmente dedicadas à família e que encontraram maneiras de lidar com os problemas do parceiro.
Não é raro encontrar cônjuges de portadores que passaram a participar da organização do trabalho do portador, da redação de relatórios, e até mesmo da administração financeira dos seus negócios.

L Eakin et al., Journal of Attention Disorders – vol 8 – n. 1 – August 2004 – pp. 1 a 10
Texto sumarizado pelo Dr. Sérgio Bourbon Cabral

sexta-feira, 3 de junho de 2011

QUADRO CLÍNIO DO TDAH

Sintomas em crianças e adolescentes:

As crianças com TDAH, em especial os meninos, são agitadas ou inquietas. Freqüentemente têm apelido de "bicho carpinteiro" ou coisa parecida. Na idade pré-escolar, estas crianças mostram-se agitadas, movendo-se sem parar pelo ambiente, mexendo em vários objetos como se estivessem “ligadas” por um motor. Mexem pés e mãos, não param quietas na cadeira, falam muito e constantemente pedem para sair de sala ou da mesa de jantar.

Elas têm dificuldades para manter atenção em atividades muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes. Elas são facilmente distraídas por estímulos do ambiente externo, mas também se distraem com pensamentos "internos", isto é, vivem "voando". Nas provas, são visíveis os erros por distração (erram sinais, vírgulas, acentos, etc.). Como a atenção é imprescindível para o bom funcionamento da memória, elas em geral são tidas como "esquecidas": esquecem recados ou material escolar, aquilo que estudaram na véspera da prova, etc. (o "esquecimento" é uma das principais queixas dos pais). Quando elas se dedicam a fazer algo estimulante ou do seu interesse, conseguem permanecer mais tranqüilas. Isto ocorre porque os centros de prazer no cérebro são ativados e conseguem dar um "reforço" no centro da atenção que é ligado a ele, passando a funcionar em níveis normais. O fato de uma criança conseguir ficar concentrada em alguma atividade não exclui o diagnóstico de TDAH. É claro que não fazemos coisas interessantes ou estimulantes desde a hora que acordamos até a hora em que vamos dormir: os portadores de TDAH vão ter muitas dificuldades em manter a atenção em um monte de coisas.

Elas também tendem a ser impulsivas (não esperam a vez, não lêem a pergunta até o final e já respondem, interrompem os outros, agem antes de pensar). Freqüentemente também apresentam dificuldades em se organizar e planejar aquilo que querem ou precisam fazer.
Seu desempenho sempre parece inferior ao esperado para a sua capacidade intelectual. O TDAH não se associa necessariamente a dificuldades na vida escolar, embora esta seja uma queixa freqüente de pais e professores. É mais comum que os problemas na escola sejam de comportamento que de rendimento (notas).

Um aspecto importante: as meninas têm menos sintomas de hiperatividade-impulsividade que os meninos (embora sejam igualmente desatentas), o que fez com que se acreditasse que o TDAH só ocorresse no sexo masculino. Como as meninas não incomodam tanto, eram menos encaminhadas para diagnóstico e tratamento médicos.


Sintomas em adultos:

A existência da forma adulta do TDAH foi oficialmente reconhecida apenas em 1980 pela Associação Psiquiátrica Americana. E, desde então inúmeros estudos têm demonstrado a presença do TDAH em adultos. Passou-se muito tempo até que ela fosse amplamente divulgada no meio médico e ainda hoje, observa-se que este diagnóstico é apenas raramente realizado, persistindo o estereótipo equivocado de TDAH: um transtorno acometendo meninos hiperativos que têm mau desempenho escolar. Muitos médicos desconhecem a existência do TDAH em adultos e quando são procurados por estes pacientes, tendem a tratá-los como se tivessem outros problemas (de personalidade, por exemplo). Quando existe realmente um outro problema associado (depressão, ansiedade ou drogas), o médico só diagnostica este último e “deixa passar” o TDAH.

Atualmente acredita-se que em torno de 60% das crianças com TDAH ingressarão na vida adulta com alguns dos sintomas (tanto de desatenção quanto de hiperatividade-impulsividade) porém em menor número do que apresentavam quando eram crianças ou adolescentes.
Para se fazer o diagnóstico de TDAH em adultos é obrigatório demonstrar que o transtorno esteve presente desde criança. Isto pode ser difícil em algumas situações, porque o indivíduo pode não se lembrar de sua infância e também os pais podem ser falecidos ou estar bastante idosos para relatar ao médico. Mas em geral o indivíduo lembra de um apelido (tal como “bicho carpinteiro”, etc.) que denuncia os sintomas de hiperatividade-impulsividade e lembra de ser muito “avoado”, com queixas freqüentes de professores e pais.

Os adultos com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas atividades do dia a dia. Por exemplo, pode ser difícil para uma pessoa com TDAH determinar o que é mais importante dentre muitas coisas que tem para fazer, escolher o que vai fazer primeiro e o que pode deixar para depois. Em conseqüência disso, quem TDAH fica muito “estressado” quando se vê sobrecarregado (e é muito comum que se sobrecarregue com freqüência, uma vez que assume vários compromissos diferentes), pois não sabe por onde começar e tem medo de não conseguir dar conta de tudo. Os indivíduos com TDAH acabam deixando trabalhos pela metade, interrompem no meio o que estão fazendo e começam outra coisa, só voltando ao trabalho anterior bem mais tarde do que o pretendido ou então se esquecendo dele.

O portador de TDAH fica com dificuldade para realizar sozinho suas tarefas, principalmente quando são muitas, e o tempo todo precisa ser lembrado pelos outros sobre o que tem para fazer. Isso tudo pode causar problemas na faculdade, no trabalho ou nos relacionamentos com outras pessoas. A persistência nas tarefas também pode ser difícil para o portador de TDAH, que freqüentemente “deixa as coisas pela metade”.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

UM CAMINHO TDAH

Antes de entendermos a condição do déficit de atenção, por total desconhecimento de causa, eu e meu ex-marido chegamos a exaustão das tentativas de entender que tipo de ser tínhamos colocado no mundo.

Ficávamos muitas vezes sem saber o que fazer e em vários momentos o desespero tomou conta de cada um de nós. Um deserto!

Até chegar ao diagnóstico correto passamos por maus momentos que desestabilizaram a vida familiar e com certeza comprometeu o desenvolvimento de nosso filho.

Os primeiros sinais de que algo realmente era diferente veio da escola.

Entretanto eu já tinha reparado que meu filhote era um bebê inquieto, não dormia muito, falava demais, pulava ao invés de andar, brincava com várias coisas ao mesmo tempo e tinha uma imaginação deliciosamente fértil.  Seus desenhos sempre tinham algo surpreendente e era uma criança super risonha e carinhosa.

Ao sair da creche onde eu era coordenadora e ingressar numa escola muito maior em tamanho, turmas e com regras mais rígidas a serem cumpridas, os sinais tomaram força maior.

Fiquei duas semanas a manhã inteira na porta da escola porque ele não se adaptava. Após essas duas semanas fui liberada por ele mesmo e passei a ser chamada na escola semanalmente para ouvir que ele falava demais, não participava das rodinhas das novidades, que liderava amigos para não cumprirem os pedidos da professora, um líder negativo segundo a professora e que falava demais atrapalhando o andamento da turma.

Entretanto sempre que era interrogado sobre qual era o assunto do momento ele respondia o que realmente estava acontecendo. Ou seja, ele não estava desligado do momento, mas a impressão que dava era de que o momento não o interessava, por isso voava.

Então depois de ir muito ao colégio na época do Jardim de Infância a Coordenadora Pedagógica com muito tato sinalizou que eu deveria procurar um atendimento  psicológico e me deu um encaminhamento.

Procuramos uma Psicóloga que após alguns encontros com o ele nos disse que ele era uma criança normal e que apenas  tinha um QI avançado para a idade e que ele estava pedagogicamente adiantado, o que causava o desinteresse pelo que estava sendo dado em sala de aula,  mas nos alertou para não avançá-lo de nível no colégio porque emocionalmente ele estava compatível com a idade e não seria bom colocá-lo em turmas mais amadurecida emocionalmente.

Sai do consultório dessa Psicóloga acreditando que meu filhote era apenas mais inteligente que a faixa etária dele. Então me baseei nesse diagnóstico e tranquilamente assisti durante toda a sua vida (até os 17 anos) dispersão nas atividades escolares, as brincadeiras diversas sem foco e nos inícios de atividades sem términos.

Determinamos, eu e meu ex-marido, que todo ano ele iniciaria algum esporte e só sairia no final do ano caso quisesse, numa tentativa de parar com as histórias que se repetiam de iniciar um projeto e não dava um mês ele já queria sair.

Como ele ficava no horário integral no colégio fazia os deveres de casa lá. À noite, quando eu ou meu ex-marido íamos ver suas atividades encontrava deveres começados e não terminados. Ao ser questionado porque não tinha feito o dever à resposta era: não sei, não lembro.

Vezes sem fim, ligava para os amigos para saber qual era o dever de casa (na sexta-feira) porque não tinha copiado ou tinha iniciado a questão e não terminado. Ele dizia que a tia apagava o quadro rápido. Errava questões nas provas porque lia só o início da questão e respondia por isso errado. Mas sempre que eu pedia a resposta em casa ele acertava. Sempre que estudávamos juntos ele respondia tudo me deixando certa de que a nota seria excelente.
E quando vinham os resultados ruins ele dizia: “me deu um branco, sei lá”.

Uma vez eu estava lendo para ele a matéria de história e de repente ele deixou cair o carrinho que estava na mão dele no chão. Ele abaixou a cabeça e pegou o carrinho, mas não retornou para a mesa. Eu parei de ler, contei cinco minutos no relógio, que foi o tempo que ele ficou com a mão e a cabeça para baixo brincando com o carrinho, e quando retornou olhou para mim e disse: “Mãe porque você parou de ler?” Eu perguntei a ele se sabia o tempo que ele ficou brincando com o carrinho daquele jeito. Sua resposta foi tranqüila: não sei, mas eu estava prestando atenção no que você estava lendo, porque você parou?

Das cem mil vezes que fui chamada ao colégio uma foi relativamente engraçada: A professora havia tirado a prova dele e mandou um bilhetinho para casa porque precisava conversar comigo. A questão da prova era: Descreva a figura acima. Era a figura de um circo e ele a estava descrevendo quando a professora passou ao lado e notou que ele estava escrevendo sobre um malabarista. A professora numa tentativa de ajudá-lo disse para ele que não havia malabarista na figura e que ele deveria apagar o que estava escrevendo. Ele se revoltou – sempre foi estouradinho, impulsivo – olhou para a professora e pediu para ela não encher o saco dele. Pronto foi o bastante para ter sua prova retirada pela professora e eu ir parar na escola. Na conversa com a professora ela foi clara em dizer – aliás todas diziam a mesma coisa – que ele era uma criança muito inteligente, carinhosa, colaboradora, mas falava demais e tinha problemas em seguir algumas regras e me explicou porque havia retirado a prova dele: pela resposta grosseira dele para com ela e a insistência dele continuar escrevendo sobre o malabarista inexistente.

Cheguei a casa e fui questioná-lo do porque tinha respondido a tia daquela forma já que ela estava querendo ajudá-lo alertando-o do erro que ele estava cometendo e que geraria uma nota baixa.

Confesso que a resposta dele gerou em mim uma vontade de ri e de abraçá-lo pela genialidade, mas estava ali no papel de mãe e esse papel é repressor muitas das vezes – eu precisava ensiná-lo a respeitar as regras. Enfim, a resposta dele foi simplesmente: Mãe, o malabarista estava atrás das cortinas se aquecendo para entrar.

Realmente alguns episódios me deixavam sem saber o que dizer, fazer  ou pensar. Achava estranho, mas não tinha noção do que isso representava, até porque eu também me dispersava e o pai dele sempre foi muito esquecido.

E aos poucos meu filho foi entristecendo, se fechando, parando de falar o que pensava e “aceitando” nossas imposições grosseiras porque nos amava e não tinha a intenção de nos decepcionar. Embaixo de críticas minhas, do pai, dos professores, amigos e família. “Você não quer nada com a hora do basquete”; “Como você não valoriza nossa esforço de lhe dar o melhor?”“Você é um vagabundo”, “Sua única função é estudar e nem isso faz!””Está sem computador, não vai sair esse final de semana, será que você não enxerga que do seu jeito não está dando certo, que você tem que fazer como eu estou dizendo?”“Senta ai e só sai quando souber tudo de cor”. “Tu tá de sacanagem comigo que passou o dia inteiro em casa e não estudou?” ”O que você fez durante o dia!!!!” e muitas vezes em baixo de gritos e a desarmonia começou a piorar quando ele entrou na adolescência e um dia aos 13 anos já super calado, sem sorrir ele me pediu para levá-lo a uma Psicóloga, porque ele estava esquisito e tinha nas mãos um cartão da Psicóloga que a amiga estava indo.

Nessa época ele já não freqüentava o integral no colégio e passava a tarde inteira, sozinho em casa ligando para mim o tempo inteiro sempre para contar alguma coisa, dizer que me amava e sendo despachado rapidamente por mim devido as minhas obrigações profissionais. Até hoje ele diz que nesse período a sua parceira de vida foi a nossa cachorrinha.

O clima familiar foi ficando intragável, nem eu nem o pai sabíamos mais o que fazer, qual resposta dar para essa inconstância, essa descontinuidade, me sentia culpada, queria saber o que era isso, o que aconteceu de errado na criação que demos à ele, seríamos muito rígidos na educação dele? Para mim era como estar falhando feio e não saber como acertar.

Eu e meu ex-marido discutimos várias vezes por causa dos problemas com nosso filho. Ele achava que eu não dava limites à ele, que passava a mão na cabeça muitas vezes e que me igualava não parecendo mãe e sim amiguinha dele. No fundo ele era meu espelho.

Marcamos então um horário com essa nova Psicóloga e não vimos muita firmeza nela, aliás quem sinalizou isso foi meu ex-marido, ele achou a coisa muito vaga e sem prazo determinado para terminar as sessões de terapia, achou que estava sendo enrolado que todo mundo tinha sido um dia preguiçoso, que teve momentos de viver no mundo-da-lua, mas que isso é fase da vida e que nosso filho não tinha nada de errado que justificasse uma psicoterapia, mas eu não pensava assim, não sabia o que pensar, mas no fundo não pensava como ele.

Um dia assistindo ao programa Sem Censura ouvi Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva falar sobre deficiência de atenção. Assim que terminou o programa fui ao shopping e comprei o livro citado no programa, li-o em horas e ali me diagnostiquei e diagnostiquei meu filho TDAH.

Conversei com meu ex-marido e o convenci de irmos ao Núcleo especializado em TDAH citado no livro. Ele como eu estava navegando a ermo, íamos para onde pudesse haver esperança de alguma luz, numa atitude desesperada de quem não sabe a quem, ou a que, recorrer. Nessa época ele tinha 17 anos e eu 44, o ano era 2004, o mês junho e o dia 18.
Eu estava cursando minha faculdade, me transferindo para outra cidade para terminá-la e ele estava terminando o segundo grau depois de ter repetido o ano escolar anterior e ter feito prova de nivelamento para em outro colégio poder cursar o ano sem perder. Passei minhas férias de dez 2003 estudando diariamente com ele.

Eu já cheguei certa de que éramos TDAH, eu e meu filho e respondemos a um questionário extenso e no final o médico nos informou que os três tinham a deficiência de atenção.

Meu ex-marido não ficou satisfeito, achou que o teste era simplista demais para diagnosticar algo na mente. Foi categórico em dizer que ele não tinha esse déficit e não aceitou muito a idéia da medicação para ajudar no aprendizado do focar para o nosso filho, mas nunca negou comprá-los e pagar o que fosse necessário, acreditando que a cura acontecesse.

A partir daí nós passamos a caminhar em universos paralelos e o tempo cumpriu sua meta de deixarmos em universos de idéias e atitudes muito diferentes. A partir daí viramos opositores.

Para mim foi uma vitória saber o que se passava comigo desde criança e que eu nunca entendia, sempre me senti diferente da regra vigente. Fiquei feliz por diagnosticar meu filho muito mais cedo do que eu. Mas eu não soube segurar a peteca e junto com o turbilhão que minha vida já estava devido à loucura de finalizar uma faculdade deixei meu filho sem maturidade para  sozinho entender e aceitar esse novo cenário dando à ele apenas o suporte terapêutico que ele precisava – terapia em grupo – e medicação.

Errei feio com ele, comigo, com meu ex-marido! Errei por ignorância, por ao ter o diagnóstico não entender que precisávamos de tempo para aceitar a condição (os três). Sai teorizando, achando que tinha chegado ao final da busca e na realidade tudo ainda estava por começar.

Minha cabeça pirou e as pessoas mais próximas sentiram o efeito tsuname de minhas posturas, colocações, atitudes e palavras.
Passei por momentos sombrios, talvez desnecessários, não sei. Ainda não sabia conviver com a condição de ser uma TDAH muito menos com a de ser mãe de um, afinal não adianta dar o remédio se ele encontra o mesmo ambiente familiar que não é adequado ao seu tipo de comportamento e ainda tendo que lidar com a negação do meu ex-marido de aceitar, ou seja, de nos aceitar tendo essa deficiência. Ele comprava os remédios, pagava as consultas, a terapia, mas não sabia lidar com a situação ao nosso lado.

A culpa em mim foi presença constante, pois me lembrava das coisas horríveis que falei a meu filho, de como eu contribui para sua mudança de atitudes e sua baixa auto-estima evidente a minha frente.
Ele aproveitou dessa nossa fase manipulando ao seu modo –  até por precisar se proteger – toda uma situação, manipulando o pai e a mim e adicionando pitadas de  comportamentos opositivo-desafiadores que nos deixou mais perdidos.

Eu e seu pai nos separamos por nós ficarmos perdidos nessa confusão toda.

Não o culpo pela opção, às vezes tenho a mesma vontade de ir, me sinto só em alguns momentos. Sinto falta de poder trocar sobre o assunto com alguém. Com a negação esse assunto virou algo não muito apreciado para se conversar e exige mudanças tão radicais de hábitos tão enraizados que as vezes cansa tentar, tentar e não acertar!!!
Por que escrevo isso? Talvez para arrumar minhas idéias desses momentos que passaram, mas marcaram fortemente nossas vidas. Dessa trajetória torta que adentramos. Para ter a certeza de que preciso mudar, preciso ser forte para seguir.
Para dizer a todos os pais que fiquem atentos aos seus filhos e que não tenham medo de encarar se essa for sua estrada. Aos professores que observem seus alunos e informem claramente aos pais os caminhos a seguir, aos médicos para não serem omissos ou não apitarem onde não têm conhecimentos. Saiam da ignorância e do preconceito quanto a esse déficit pais, professores, psicólogos e médicos!

Escrevo também para dizer a você meu filho que nosso amor por você, meu e de seu pai é imenso, mas que somos humanos e também pisamos na bola.
Tenha a certeza de que você não tem culpa de nada do que aconteceu, como nenhum de nós tem. Aconteceu é só isso!!! Ignorância e imaturidade.
Agora é seguir em frente cuidando, estando atento, mudando paradigmas, tentando acertar, errando, perdoando, conversando e principalmente não fingindo que isso não existe, porque isso é viver numa alienação que não vai nos fazer feliz.
Encarar, aceitar o que somos e ajustar a química se preciso para fazer do nosso tempo por aqui muito produtivo. Você tem um grande potencial e acredite eu acredito e confio  em você, apenas tenho também cicatrizes que tenho medo que sangrem novamente.

E depois você sabe que essa deficiência é genética e você ainda será pai que deverá estar antenado para saber agir de um modo mais construtivo com seus filhos.
02.06.2011

TDAH e Transtorno do uso de substância


TDAH e Transtorno do uso de substância

Qui, 10 de Fevereiro de 2011 01:32 Escrito por  ABDA

O TDAH inicialmente era visto como um transtorno característico de crianças, em especial meninos e cujo desaparecimento dos sintomas acorreria no início da vida adulta. Porém, os estudos desenvolvidos na última década mostraram que o TDAH trata-se de uma síndrome que acomete tanto meninos quanto meninas e em muitos casos estende-se para a vida adulta (Brown, 2000). A crença desta remissão na vida adulta pode ser explicada pelo desenvolvimento por parte do paciente de uma série de estratégias que permitiriam a ele reduzir os prejuízos dos sintomas. Porém, uma análise mais profunda revela enumeras dificuldades sociais, familiares e instabilidade em vários domínios na vida destes indivíduos. Outra possível explicação para esta crença seria a dificuldade por parte dos portadores de TDAH em reconhecer seus próprios sintomas.

Os recentes estudos permitiram uma melhor compreensão não só acerca dos critérios para o diagnóstico do TDAH, mas um novo paradigma com relação ao curso e impacto dele na vida dos pacientes e das pessoas que o cercam. O TDAH não é um transtorno que acomete o paciente apenas cognitivamente, mas também envolve muitos aspectos comportamentais e afetivos/emocionais. Pacientes com TDAH costumam ter inúmeros problemas de baixa auto-estima, ter baixo desempenho acadêmico, dificuldades sociais, familiares e financeiras. Assim, o diagnóstico e tratamento precoce não visariam apenas o controle dos sintomas, mas principalmente evitar o impacto deles na vida do paciente.

Embora vários críticos aleguem haver um hiper-diagnóstico e uma hiper-medicação, os estudos recentes revelam o contrário, haveria uma grande dificuldade por parte dos profissionais em conhecerem e reconhecerem o TDAH, além de uma grande resistência ao uso de medicação. (Brown, 2000).
(1) Mestre em Psicologia pela UFRJ.

(2) Livre-Docente e Prof. Adjunto de Psiquiatria da UERJ. Diretor da ABRAD (Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas)

A prevalência do TDAH segundo o DSM IV é de 5 à 13% em crianças em idade escolar, embora haja uma grande discordância entre os autores. O TDAH é considerado uma síndrome associada a uma vulnerabilidade genética em interação com o meio-ambiente. (Golfeto et al, 2003).

Outro aspecto atualmente muito estudado e extremamente importante de ser levado em consideração ao se estudar o TDAH diz respeito a grande incidência de co-morbidades encontradas no TDAH. As principais co-morbidades encontrados com o TDAH são: comportamentos disruptivos- transtorno opositivo-desafiador e Transtorno da conduta (35 à 65%); depressão (15 à 20%); transtornos de ansiedade (25%); transtorno de aprendizagem (10-25%) e abuso de drogas (9-40%).(Brown, 2000) Tal incidência de co-morbidade aponta para a importância do estudo e do tratamento do TDAH.

A co-morbidade mais comum encontrada no TDAH são problemas relacionados com comportamento disruptivo, agressividade e delinqüência. A alta prevalência de transtorno opositivo-desafiador (TOD) e transtorno da conduta (TC) faz com que o tema mereça uma análise mais profunda. Embora o TOD e o TC sejam classificados separadamente, estes costumam ser vistos com progressão um do outro. Questiona-se, ainda, devido a esta prevalência se o TDAH, TOD e TC não seriam diferentes condições psiquiátricas ou aspectos diferenciados do mesmo fenômeno (Newcorn et al, 2000).

Em estudo recente (Swensen et al) encontrou-se a seguinte prevalência de problemas psiquiátricos em pacientes com TDAH comparado com grupo controle: 18 vs 4% de depressão; 6 vs 1% transtornos da infância, 6 vs 2% de transtorno de ajustamento, 6 vs 1% de TOD; 5 vs 0% de psicose, 4 vs 1% de TC, 2 vs 1% de abuso de substância e 1 vs 1% de ansiedade. O mesmo estudo estendeu-se aos pais de pacientes com TDAH e pais controles: 9 vs 4% de depressão, 1 vs 0% de transtorno da infância; 4 vs 2% de de outros transtornos mentais; 2 vs 1% de transtorno de ajustamento; 0 vs 0% de TOD; 1 vs 1% de psicose; 0 vs 0% de TC; 2 vs 1% de abuso de substancia e 1vs 1% de ansiedade. No mesmo estudo constatou-se que os pacientes teriam maior índice de envolvimento em acidentes e recorreriam 2.6 vezes mais a cuidados médicos (principalmente devido a abuso de substância, acidentes automobilísticos, ingestão de veneno e fraturas. Assim, pode-se perceber não só os prejuízos dos sintomas do TDAH, mas também condições secundárias importantes e o impacto nos demais membros da família.

A incidência do transtorno do uso de substância (TUS) vem atualmente destacando-se como preocupação em pacientes com TDAH, porém o tema é ainda muito controverso. Existem duas vertentes no que diz respeito ao uso de substancia em pacientes com TDAH: alguns autores acreditam que o uso de substância estaria diretamente relacionado com o TDAH, porém estudos mais recentes apontam para uma relação indireta, ou seja, o TUS estaria relacionado com o TC e seria apenas agravado pelo TDAH, como veremos a seguir.

Segundo Wilens et al (2000), 6 à 9% das crianças e adolescentes com TDAH teriam também TUS (incluindo abuso de álcool e drogas e dependência) e adultos 10 à 30%. O autor aponta a redução de julgamento, agressividade e a impulsividade como fatores de alto-risco para o envolvimento com drogas, que poderia ser ainda uma forma de auto-medicação. Biederman et al (1995) encontraram um índice de 52% de TUS em pacientes com TDAH versus 27% no grupo controle. Por outro lado, 60% dos pacientes com TC possuem altos índices de abuso de substância, incluindo álcool, maconha e outros (Pliszka et al, 2000).

O TUS também costuma ser visto como associado ao TDAH devido a desmoralização que ocorre com os pacientes (Wilens et al 2000) ou devido a alianças sociais com as quais esses indivíduos acabam se relacionando (Marshal et al, 2003).

Flory et al, 2003 defendem que o TDAH (independentemente do co-morbidade) estaria associado ao TUS e que quanto maior os sintomas de TDAH, maior o nível de TUS. Da mesma forma, os pacientes com TDAH medicados teriam menos incidência de TUS (Wilens et al 2000 e Biederman, 2003).A incidência de pacientes que preenchem os critérios para TDAH entre os pacientes que procuram tratamento para TUS é de 50% (Levin et al, 1995 e Honer et al, 1997). Schubiner et al (2000) encontraram em pacientes com TUS uma prevalência de 28% em homens e 19% em mulheres e 1/3 dos pacientes com TDAH também preenchiam critério para TC.

Por outro lado, muitos autores defendem que o TUS estaria associado ao TC e transtorno do humor (Rohde et all, 1996; Chicoat et al, 1999; Whitmore et al, 1997; e Brook et al, 1998) Assim, a associação com o TDAH daria-se de maneira indireta.

Porém, os principais estudos apontam para o fato do TDAH afetar drasticamente o curso do TUS. Pacientes com TDAH teriam um início mais precoce do uso das drogas, um curso mais rápido e menos resposta ao tratamento (Wileners et al, 1998; Chilcoat et al Breslau, 1999; Biederman et al, 1997; e Horner et al, 1997). Este início precoce ocorreria independentemente de co-morbidade (Wilens et al, 1997), haveria o uso de substancias mais pesadas (Horner et al, 1997) e contribuiria para a gravidade e persistência dos sintomas (Riggs et al, 1996).

Os estudos apontam ainda para uma diferença de gênero, as mulheres com TDAH correriam mais riscos de desenvolverem TUS do que os homens (Disney et al 1999; Biederman et al, 2002) e estaria mais associado com a ansiedade (Rohde et al, 1996) enquanto que nos homens estaria mais associado ao TC (Milberger et al, 1997). O uso de tabaco estaria da mesma forma associado principalmente com o TC, porém os pacientes com TDAH teriam um início mais precoce, com mais freqüência tornariam-se dependentes e em um período mais curto e teriam mais dificuldade em deixar a dependência e com mais freqüência passariam a utilizar outras drogas (Milberger et al, 1997; Dierker et al, 2001; e Farone et all, 1997).

Andréa et all (2003) demonstra um alto índice de uso de substância também entre os pais de pacientes com TDAH e TUS, principalmente dependência de estimulantes e cocaína nas mães e problemas de álcool nos pais. Tal resultado poderia ser explicado em parte pelo fato do TDAH ter um forte componente genético e, portanto, grande probabilidade de um dos pais também terem a doença. Outra possibilidade é que uso de drogas/álcool durante a gravidez facilite o surgimento de crianças com TDAH.

O que todos os estudos demonstram é a importância de mais pesquisas a respeito do assunto e o tratamento precoce tanto do TUS em pacientes com TDAH, quanto do TDAH em pacientes com TUS. A própria melhoria dos sintomas de TDAH levaria a uma melhoria do TUS e a prevenção do uso de substância levaria menos pacientes com TDAH a desenvolver o TUS (Milberger et al, 1997; Levin e Kleber, 1995; e Rigs, 1996). A associação do TC com o TDAH produziria o mais alto índice dentro dos transtornos psiquiátricos para o desenvolvimento do TUS (Flory et al, 2003).

Levin et all (1998) destaca a prioridade de se diagnosticar os pacientes com TDAH uma vez que o diagnóstico e tratamento precoce ajudariam não só a diminuir o número de caso de pacientes com TUS, quanto a melhoria do curso e tratamento do TUS. É importante que os profissionais que trabalham com pacientes com TUS tenham em mente a possibilidade do duplo diagnóstico para que os pacientes TUS + TDAH possam se beneficiar de uma melhor condução do seu caso.

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Luciana Mello e Osvaldo Saide

Porque desinformação, falta de raciocínio científico e ingenuidade constituem uma mistura perigosa.

(O presente texto é a resposta ao texto "Why I Believe that Attention Deficit Disorder is a Myth (Porque eu Acredito que TDAH é um Mito), de Thomas Armstrong)


- Prof. Dr. Luis Augusto Rohde, PhD
Professor de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Universidade Federal do Rio grande do Sul; Coordenador do Programa de Déficit de Atenção/Hiperatividade do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

- Prof. Paulo Mattos, PhD
Professor de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Coordenador do GEDA – Grupo de Estudos do Déficit de Atenção do Instituto de Psiquiatria da UFRJ


Quando nossos filhos apresentam problemas importantes de saúde, temos que enfrentar uma longa estrada na busca da aceitação da condição e na escolha da melhor forma de ajudá-los.

Nesse caminho, não é incomum que nos deparemos com profissionais de todo o tipo que tirando proveito do sofrimento das famílias tentam oferecer caminhos supostamente menos dolorosos, porém ineficazes, ou alternativas milagrosas. Afinal, não é fácil reconhecer que as dificuldades ou os sintomas de nossos filhos sejam devido a algo que não conseguimos controlar totalmente. Normalmente, esses profissionais buscam ou a exploração financeira do sofrimento alheio ou uma notoriedade que de outra forma não foram capazes de alcançar. Em ambos os casos, quem paga o preço é o paciente e sua família.

O texto “Porque eu acredito que Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é um mito?” poderia ter um outro título: “Porque desinformação, falta de raciocínio científico e ingenuidade constituem uma mistura perigosa?” .

Vamos examinar juntos alguns dos seus argumentos. O autor se diz muito preocupado com a literatura científica sobre o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). Não se compreende o porquê de sua preocupação. A literatura claramente indica que o TDAH é um dos transtornos mentais com maior evidência científica em toda a psiquiatria e até mesmo dentro de toda a medicina. Quem afirmou isto, publicamente, foi a Associação Médica Norte-Americana, em 1998. O autor fundamenta a sua preocupação em resultados de sua “pesquisa informal”. O que vem a ser pesquisa informal? Não temos a menor idéia. Para se fazer uma pesquisa científica é necessário um grande planejamento e geralmente uma equipe de profissionais pertencentes a um centro universitário. O Comitê de Ética do local deve receber o projeto de pesquisa e aprová-lo após minuciosa revisão. Um pesquisador é simplesmente proibido de fazer qualquer pesquisa com seres humanos por conta própria, sem autorização de um comitê de ética, em qualquer país decente do mundo. Após o final da pesquisa, o pesquisador tem a obrigação ética de publicar seus resultados, já que eles poderão trazer benefícios a pacientes no mundo todo. É inconcebível que alguém “descubra” algo importante acerca de uma doença e não revele aos demais. Como não estão publicados em revistas científicas quaisquer estudos do autor, só é possível concluir que: a) apesar dele ter obtido resultados muito importantes para o tratamento do TDAH, resolveu escondê-los da comunidade científica e da população em geral, por razões ignoradas ou b) simplesmente não existem nem pesquisas nem resultados.

A literatura científica sobre o TDAH conta com milhares (isto mesmo, milhares) de artigos em inúmeros países nos últimos anos. Este artigos foram escritos por vários pesquisadores diferentes e foram submetidos à rigorosa avaliação das revistas médicas antes de serem publicados. Em quê ela é preocupante quando comparada à “pesquisa informal” do autor? Não se sabe. Aqui temos um exemplo evidente de falta de crítica. Simplesmente não existe a situação de um pesquisador (aliás, não há referência sobre a instituição onde ele trabalha como tal) ter “descoberto” algo importante sem que a comunidade científica tenha prestado a menor atenção ao fato. Geralmente, “pesquisadores” que revelam ter conhecimentos importantes que ninguém mais têm são pessoas que nunca pertenceram à qualquer comunidade científica ou tiveram qualquer reconhecimento dentro dela. Todos os pesquisadores verdadeiros, incluindo aqueles inúmeros que são notoriamente rivais entre si, publicam seus resultados de pesquisa.

Ao longo do texto surgem “pérolas” da falta de informação e, pior ainda, de raciocínio científico. São mencionadas as diferenças de prevalência nos diversos países e o fato dos pais e professores não concordarem sobre a intensidade dos sintomas. Isto para o autor são indicadores da inexistência do transtorno. Pesquisas recentes usando métodos semelhantes de diagnóstico (entrevistas padronizadas) demonstram claramente que a freqüência/prevalência do transtorno é similar em diferentes culturas tais como América do Sul, Europa, Índia, e Estados Unidos. Em outras palavras, a prevalência diferente verificada no passado era devida aos diferentes métodos de diagnóstico utilizados, e não a reais diferenças nas taxas de prevalência (Rohde, 2002, publicado no Jornal da Academia Norte-Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência).

Se os pais e professores não concordam quanto à intensidade dos sintomas isso indica que o transtorno não existe, ou que eles estão vendo a criança em ambientes diferentes? Uma coisa é estar sentado a manhã inteira numa sala de aula, tendo que aprender coisas novas, muitas das vezes desinteressantes. Outra bem diferente é estar dentro de sua própria casa, com seus pais, seu quarto e seus brinquedos. Se também os pais trabalham, eles vêem os filhos ao final do dia, quando já estão cansados e não estão tão hiperativos. Ou então convivem com os filhos mais tempo apenas nos finais de semana, quando não existem atividades que exijam muita atenção e controle do comportamento. Não há qualquer problema na existência de algum grau de discordância entre questionários de pais e de professores, e é justamente por isso que nós fornecemos a eles questionários para responder: para avaliar o comportamento em situações distintas. Vamos tomar o exemplo da depressão na infância e adolescência (ou será que o autor também não acredita que crianças possam sofrer de depressão?). Um adolescente deprimido tem que estar deprimido todo o tempo, ou será que se ele sorrir ou tiver um pouco de prazer com os amigos, a depressão estará descartada?

Continuando: desde quando o diagnóstico de TDAH é feito através de teste neuropsicológico (Continuous Performance Test)? Há muito tempo o autor não deve ler um consenso (pronunciamento oficial de vários pesquisadores) ou posicionamento conjunto da literatura sobre o assunto? Tanto a Associação Médica Norte-Americana quanto a Academia Norte-Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência claramente posicionam-se que o diagnóstico é clínico e não baseado em testes neuropsicológicos. Os testes servem apenas para esclarecer alguns aspectos do desempenho do paciente. Bem, então ele menciona que não existe nenhum teste ou medida objetiva (como a medida da pressão arterial) ou ainda um exame de alguma substância no sangue. Isto deve invalidar o diagnóstico na sua opinião. Por esse raciocínio, depressão, autismo e até esquizofrenia não existem já que também o diagnóstico é clínico sem haver necessidade de qualquer dosagem no sangue ou outro método objetivo. Até a cefaléia (dor de cabeça) que você sente claramente não existe pois não há teste sanguíneo ou medida objetiva para avaliá-la, além da informação clínica fornecida por você mesmo ao médico.

Vamos deixar de lado o terreno da falta de raciocínio científico e de desinformação - embora outros exemplos pudessem ser analisados - e passemos para a área da ingenuidade. O autor se diz muito chateado com a questão na ênfase aos aspectos negativos encontrada na literatura científica. Porque “rotular” as nossas crianças? Acontece que são inúmeros os estudos que mostram claramente que crianças e adolescentes com sintomas importantes de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade têm muito mais problemas escolares (suspensões, expulsões, repetências), maiores taxas de uso abusivo de álcool e outras drogas ilícitas, menor grau de satisfação pessoal, e até maiores taxas de acidentes e procura de atendimento médico. Porque rotulá-los como tendo TDAH? Talvez, para que essas crianças possam ser adequadamente reconhecidas e tratadas. Ou o autor prefere que elas continuem sendo rotuladas nas escolas como burras, incompetentes, ou mal-criadas, como normalmente acontece quando não se conhece o TDAH?
É claro que a observação do autor de que desatenção e agitação podem ser a via final de vários problemas (e não apenas TDAH) é importante. Entretanto, isso em nada invalida o diagnóstico, apenas deveria alertar os pais a procurarem profissionais com adequada formação (sejam eles psicólogos, psiquiatras, pediatras, ou neurologistas) para a avaliação dos problemas comportamentais de seus filhos. Ele diz que vê muitas crianças com o diagnóstico de TDAH que são músicos, atletas, líderes e pessoas criativas. Nós também. O que uma coisa tem a ver com a outra? Somente quem não conhece nada sobre TDAH pode achar que pessoas talentosas e criativas não podem ter TDAH.

Para finalizar, o autor sugere que usemos como modelos pessoas excepcionais, tais como Einstein . Deve ser no mínimo brincadeira. Infelizmente, só nasce um Einstein por século e gostaríamos muito que nossas crianças tivessem as mesmas qualidades intelectuais que ele. Porém, concordamos numa coisa: se seu filho for realmente um Einstein, esqueça o assunto TDAH.